Wednesday, January 10, 2007

Férias de Verão

ELE NEM nem lembrava mais disso. Foi uma surpresa quando caiu a ficha. Ele tinha sido deixado para trás, superado a nóia de estar sozinho na casa. Saiu para jantar quando viu as três. Uma morena e duas loiras, se aproximou da mesa e percebeu que elas falavam espanhol, o que seria um pequeno problema. Ele percebeu que a mesa atrás dele também falava o mesmo idioma e pensou " A cidade já foi invadida". Elas se preparavam para pedir a conta quando ele se sentou, ela já havia chamado sua atenção. Ele nada pode fazer. Viu elas partirem, sem muitas esperanças. Ainda a viu do lado de fora, de um cyber, conversando com a outra loira, antes de sumir dentro da loja.
Quando acabou o calzone, pediu a conta e partiu. Ele caminhou rumo ao ponto de ônibus para ir para a balada. O carro dos amigos ainda não estava pronto e seus programas eram diferentes naquela noite, assim como as casas onde estavam. Quando ele passou pela sorveteria, ele a viu novamente. Não pensou, fez. Foi até lá e ficou esperando por uma oportunidade. Chovia um pouco. Chuva fraca. Elas tomavam sorvete e conversavam sentadas nas cadeiras na porta, olhando o movimento calmo, numa noite de terça, com chuva e quase se aproximando da meia-noite. Elas fizeram um comentário e ele pela proximidade poderia ter entrado na conversa, se não fosse pelo idioma. Ele lamentou, poderia ser mal interpretado. O tempo corria, elas não ficariam ali para sempre. Mais uma deixa, idioma novamente. Foi então que ela, a loirinha que lembrava Tara Reid, em "Josie e as Gatinhas" (Ou assim ele achava), se levantou e foi para perto do balcão. Ele viu quando um funcionário da sorveteria se dirigiu a ela e disse "O Banheiro está ocupado". Ela ficou esperando. Ele foi atrás e se posicionou ao seu lado, ele perguntou "É a fila do banheiro?". Ela respondeu e não foi preciso muito mais. Soube seu nome. Conversaram, ela foi e voltou do banheiro, continuaram, a amiga dela foi e voltou para seu lugar e eles conversavam apesar de algumas palavras mal compreendidas. Então, o deslize, uma das amigas a chamou, a chuva acabara, era hora delas partirem. Ele já havia a convidado para a balada que ia, ela queria conhecer, quis saber se era boa, ele não sabia pois nunca tinha ido, ela ficou com vontade de ver qual era, mas tinha que acordar cedo no dia seguinte, ele já tinha visto seu ônibus passar, mas continuava ali com ela, ela tinha o seu passeio cedo programado. Se despediram com beijo no rosto. Ela disse, "Amanhã quem sabe nos vemos por aí", ele disse que ia embora no dia seguinte (O carro estaria pronto), e ela replicou dizendo que ficaria até o dia 14, quando voltaria a trabalhar (no que? Nunca descobriu ou teve a chance de perguntar). Estava de férias, férias de verão. Só então ele lembrou que elas existiam. Elas já não faziam parte da sua vida há anos.
Ele a viu ir embora. E pensando depois, vendo que não tinha nada a perder, lamentou não ter pedido um e-mail ou o telefone. Quando ele veria Mariana (esse era seu nome)? Quem sabe um dia se encontrem? Talvez nunca mais? Ou quem sabe, um dia ele possa dizer "Houve uma vez dois verões".

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